35 mil torcedores se despedem de Tite e reverenciam Alessandro no empate entre Corinthians e Inter
"Não tenho palavras para descrever".
Na sexta-feira, funcionários do CT Joaquim Grava prestaram homenagem e lhe entregaram uma placa pela passagem vitoriosa no clube e o tratamento carinhoso concedido durante os pouco mais de três anos.
"Não dá para falar".
Assim como ele, foi espontâneo. Sem maior cerimônia, subiu ao gramado do Pacaembu pela última vez como técnico do Corinthians neste ciclo, se dirigiu ao banco de reservas e foi imediatamente cercado por dezenas de crianças.
"Só sentir".
Obrigado, repetiram todos.
A adrenalina correu nas veias - e não era força de expressão. Antes do início da partida, na altura do círculo central do gramado, todo o grupo se reuniu na companhia dos dirigentes e literalmente o abraçou. O agradecimento pelos cinco títulos conquistados ao longo desse tempo materializado na camisa que carregavam: "obrigado, Tite".
Para o Corinthians, não valia mais nada. Ao mesmo tempo, valia tudo. Um sentimento que resume o que foi a trajetória de seu principal nome desde 2010. Com 131 vitórias, 85 empates e 53 derrotas, Tite fez neste sábado, contra o Inter, a sua despedida do torcedor alvinegro. Ao seu lado, também deram adeus o auxiliar Cleber Xavier e o preparador físico Fábio Mahseredjian. O resultado do jogo foi um 0 a 0 modorrento, que reflete a fase recente da equipe, mas que não espelha o que foi o período do treinador.
As 35.033 mil pessoas que compareceram no estádio nesta noite ainda bateram palmas para o lateral Alessandro, que anunciou a sua aposentadoria do futebol e, no intervalo do confronto, foi reverenciado por todo o time no campo e viu uma faixa ser estendida por sua família: "Alessandro, você sempre será o nosso eterno guerreiro". Ele foi o capitão do clube nos títulos da Libertadores e do Mundial.
O clima era de festa. Praticamente de fim de uma temporada que tem no horizonte mais próximo o retorno de Mano Menezes ao Parque São Jorge.
O Corinthians, no entanto, atuou de luto pelas mortes de Fábio Luiz Pereira, 41, motorista e operador de guindaste, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 43, montador, na obra da Arena, na última quarta-feira. Os nomes deles estavam escritos no uniforme dos atletas.
Maior interessado na partida, o Inter, que ainda tentava afastar de uma vez por todas a ameaça de rebaixamento, sofreu uma leve pressão nos primeiros 15 minutos, comandada, sobretudo, por Romarinho, que criou duas chances.
O nervosismo deixou o duelo nervoso e travado pelas faltas. Quando a bola voltou correr, a equipe colorada levou mais perigo e chegou bem em cabeçada de Índio após cobrança de escanteio e oportunidade incrível desperdiçada por Leandro Damião.
Na volta do intervalo, o ritmo seguiu o mesmo, sendo quebrado apenas por uma discussão mais acalorada na entrada da área dos gaúchos aos oito minutos. Um dos mais exaltados, Willians recebeu o segundo cartão amarelo pela falta e foi expulso pela arbitragem. O Corinthians assumiu o controle em campo na sequência e ainda acompanhou Romarinho mandar por cima com o gol aberto após rebote de Muriel em cruzamento fechado de Edenilson.
Antes do pontapé inicial, os atletas se sentaram ao redor do meio-de-campo e realizaram mais um protesto do Bom Senso FC.
Com o empate no Pacaembu, o Corinthians segue na 10ª colocação, com 50 pontos. O Inter fica com 47, no 12º lugar, e aguarda os placares de amanhã para finalmente respirar aliviado.
Na próxima rodada, o time alvinegro visita o rebaixado Náutico na Arena Pernambuco. O compromisso está marcado para o domingo, mas pode ser antecipado para o sábado. Os colorados fecham a campanha no estádio Centenário, em Caxias do Sul, diante da Ponte Preta no mesmo dia.
